segunda-feira, 30 de abril de 2012

Rio de Janeiro recebe grande exposição de Tarsila do Amaral
 “Tarsila do Amaral – Percurso Afetivo” 
Começou dia 13 de fevereiro, a exposição “Tarsila do Amaral – Percurso Afetivo” no CCBB-RIO, Centro Cultural Banco do Brasil, com mais de 80 obras entre pinturas, desenhos, objetos e gravuras desta grande artista do modernismo brasileiro. Aconteceu até o dia 29 de abril de 2012.
Fomos em dois dias: 24 e 25 de abril com turmas do 9º ano do E.F. e da 3ª série do E.M.
Local: Centro Cultural Banco do Brasil – CCBB Rio de Janeiro
Antropofagia (1929) 
A ideia central para a mostra surgiu com a descoberta de uma preciosidade da família: o “Diário de Viagens”.Esse caderno íntimo nos leva a uma bem-vinda intromissão em particulares da vida de Tarsila. 
O conceito da exposição se baseou no diário e foi reunido o maior número possível de obras para um percurso emocional, afetivo e único.
“O enfoque dado foi, em primeiro lugar, intimista; depois, temático e, quando possível, cronológico. Há um caos proposital, planejado para que o visitante possa sentir-se mais próximo da vida da artista e admire as obras individualmente, livres de classificações mais rígidas”, explica Antonio Carlos Abdalla, curador da mostra, que também tem Tarsilinha (sobrinha-neta) como curadora pela parte da família. A mostra conta com 82 obras constituídas por pinturas, esculturas e desenhos, e exibe também objetos pessoais como a estola, bengala, pinceis, palheta de tintas, cartas, e inclusive o diário de Tarsila. Aprendi muito e passei a admirar ainda mais essa grande mulher que encantou o mundo todo e que teve um papel importantíssimo no modernismo. 
Ela era um gênio, dominando perfeitamente a pintura e o desenho figurativo, e de uma criatividade sem limites para a época. A qualidade de seus trabalhos é tanta, que de forma alguma envelheceram ou se tornaram comuns. Essa foi a primeira exposição com os trabalhos de Tarsila no Rio em 40 anos
  

 
Antropofagia (1929)





Essa é uma oportunidade única para ver telas como “Antropofagia”, “Morro da favela”, “O sapo”, “O Lago”, entre várias outras.


Uma ousadia é a inclusão da pouco mostrada segunda versão da obra “A Negra”, que foi deixada inacabada por Tarsila, sugerindo uma continuidade para a leitura de seu trabalho e abertura de inúmeras possibilidades de interpretação.
 
‎"Tarsila , nome Brasil, musa radiante que não queima, dália sobrevivente no jardim desfolhado, mas constante em serena presença nacional fixada com doçura, Tarsila amora amorável d’amaral prazer dos olhos meus onde te encontres azul e rosa e verde para sempre"
Trechos de BRASIL/TARSILA de Carlos Drummond de Andrade
ANEXO  1


ANEXO 2
 “Para esta mostra não consideramos os períodos habitualmente identificados em sua obra (Pau-Brasil, Antropofágico e Social). O enfoque dado, em primeiro lugar, foi intimista; depois, temático e, quando possível, cronológico. Há um proposital e aparente caos, planejado para que o visitante possa sentir-se mais próximo da vida da artista e admire as obras individualmente, livres de classificações mais rígidas”, explica Antonio Carlos Abdalla, curador da mostra, que também tem Tarsilinha do Amaral (sobrinha-neta de Tarsila) como curadora pela família da artista.”
Tarsila teve três mostras individuais no Rio de Janeiro: em 1929 e 1933, no Palace Hotel, e em 1969, no Museu de Arte Moderna. Grande número das obras presentes nessas mostras esta agora no CCBB. Entre elas estão “Carnaval em Madureira” (1924), “Manacá” (1927), “Morro da favela” (1924) e “Antropofagia” (onde duas das obras emblemáticas da artista se entrelaçam – “A Negra” e o “Abapuru”, de 1929).
                “A Negra”, inclusive, deve surpreender os visitantes: os curadores finalizaram a exposição com a segunda versão da obra, que a artista deixou inacabada. A ideia é sugerir inúmeras possibilidades de interpretação da obra fundamental de Tarsila do Amaral, que permanece, assim, em aberto. “

ANEXO 3

UM POUCO DA HISTÓRIA  E VIDA DE TARCILA DO AMARAL

RIO - Foi no Rio de Janeiro que, em 1929, Tarsila do Amaral fez sua primeira mostra individual no Brasil. Depois, expôs na cidade em 1933 e em 1969. Desde então, a artista modernista que talvez seja a mais frequente no imaginário popular nunca mais teve uma exposição na cidade. Há, no entanto, uma falta que será rapidamente identificada: "Abaporu" (1928), sua pintura mais famosa, não integra a exposição. Segundo o curador Antônio Carlos Abdalla, o colecionador Eduardo Costantini, dono da tela que é o carro-chefe de seu museu, o Malba, em Buenos Aires, não se mostrou muito "disposto" a um novo empréstimo da tela, que veio ao Brasil em 2008, para uma retrospectiva na Pinacoteca de São Paulo, e em 2011, para uma mostra em Brasília — na ocasião, aliás, a presidente Dilma Rousseff posou ao lado da pintura.

Também não temos o original de "A Negra" (1923), porque o MAC (Museu de Arte Contemporânea) de São Paulo está em reinauguração e não podia emprestar. A solução foi trazer "Antropofagia" (1929).
Em "Antropofagia" (1929), para o curador da exposição no Rio, estão reunidos os personagens das telas "Abaporu" e "A negra" — esta última, conta ele, foi criada pela artista a partir de uma foto de sua babá. O retrato dela foi encontrado pela família de Tarsila num de seus diários e será parte da montagem carioca. Outro dos diários, o de viagens que ela fez quando casada com Oswald de Andrade, foi usado como fio condutor da exposição.

— Tarsila pega notas de restaurantes, bilhetes de viagens de trem, fotografias, pouquíssimas coisas escritas e cria um diário visual da viagem. Não é textual. Isso tem uma forma um pouco caótica. Não se tem domínio absoluto de uma recordação. As memórias surgem no momento e vão sendo coladas no papel de uma maneira um tanto aleatória — conta o curador.

Inspirado pelo diário visual da modernista, ele optou por não organizar as obras no CCBB a partir de classificações acadêmicas. "Tarsila do Amaral — Percurso afetivo" é, como define, "uma mostra de colagens de obras da artista".

A proposta livre permitiu a Abdalla, por exemplo, agrupar três telas em que Tarsila retrata o Rio no que chama de "trilogia carioca". Assim, o público verá na sequência "Morro da favela", "Estrada de ferro Central do Brasil" e "Carnaval em Madureira", telas que são da fase conhecida como "Pau brasil", todas de 1924, ano em que ela chegou à capital fluminense.

Do Rio, Tarsila e os modernistas partiram para Minas Gerais, onde, conta Abdalla, fazem "a redescoberta do Brasil, em que se valoriza o barroco mineiro".

Dois anos depois da chegada ao Rio, Tarsila abre sua primeira individual em Paris, com crítica bastante favorável. No mesmo ano, ela se casa com Oswald de Andrade, e os dois viajam pela Europa e pelo Oriente Médio.

— Conta a lenda que a beleza estonteante de Tarsila parava pessoas nas ruas de Paris. Ela sempre teve essa coisa de mito da mulher deslumbrante, bonita, elegante, com dinheiro e talento. Mas não gosto de deixar de lembrar que, ao mesmo tempo, ela teve a vida muito marcada pela tragédia — defende.

Dor e esplendor

Tarsila perdeu a única filha, Dulce, e, mais tarde, a única neta, Beatriz, que pintou em vários retratos. Sua família, bastante rica, perdeu recursos na Crise de 1929.

Ainda assim, o esplendor de Tarsila é presença marcante na exposição seja pela exuberância de cores nas telas ou pelos objetos pessoais. Uma estola e um bracelete criados para ela por Paul Poiret, o estilista da alta sociedade francesa na década de 1920, foram cedidos pela família para a montagem.

A responsável pela obra de Tarsila entre os descendentes da modernista é sua sobrinha-neta, que carrega seu nome — e ganhou o apelido carinhoso de Tarsilinha, para se diferenciar da célebre tia-avó. Ela ainda cedeu para a mostra no CCBB pincéis, espátulas e um Moleskine com desenhos e anotações.
— É sempre um conjunto tão bonito de ser exibido reunido — diz Tarsilinha, 47 anos, que tinha oito quando a artista morreu, em decorrência de complicações após uma operação na vesícula, em 1973. — Era uma tia muito próxima, eu era a queridinha. Me lembro tanto dela, dos corredores da casa na (rua) Albuquerque Lins (em Higienópolis, São Paulo), da sala, dos quadros, de nós duas na casa.

Tarsilinha, que organizou o catálogo raisonné da artista, diz que conseguir 85 obras de Tarsila é "uma tarefa árdua". O curador concorda. Para ele, os colecionadores têm uma relação afetiva com a obra da artista.
O curioso é que Tarsila começou a expor justamente no Rio, em 1929, e o fez, sem intervalos, durante todo o período de 1933-69; no entanto, há 43 anos as obras da artista não encantam os olhos cariocas em uma exposição individual e de grande porte.

Sobre Tarsila

Nascida em 1886, em Capivari, São Paulo, Tarsila teve uma infância privilegiada, sua família era dona de terra, produtora de café. O contato com o mundo das artes acontece cedo em sua vida nos saraus de família. Aos 16 anos, vai estudar em Barcelona onde começou a se dedicar ao desenho. Ao voltar para o Brasil, em 1906, casa-se com o homem escolhido pela família.

Grupo dos 5

Depois de anos sufocada por um casamento convencional, Tarsila se revolta, divorcia-se. Torna-se uma mulher moderna. Abraça seu talento e começa a estudar artes com os escultores Zadig e Mantovani, e com o pintor Pedro Alexandrino. Na década de 20, segue para a França, onde frequenta a Academia Julian e o atelier do retratista Émile Renard. Em 1922, expõe no Salão dos Artistas Franceses, em Paris. Ao retornar para o Brasil é apresentada pela amiga e pintora Anita Malfatti aos irmãos intelectuais, Oswald de Andrade e Mário de Andrade, e ao poeta Menotti Del Picchia, formando o famoso "Grupo dos 5", que teve vida curta, pois no final do mesmo ano ela retorna a Paris.

Fase antropofágica

Apaixonado por Tarsila, Oswald de Andrade segue-a pela Europa e eles travam uma parceria artística, pessoal e intelectual que muda o rumo da história da arte brasileira. Na mesma década, Tarsila passa a ter contato com pintores cubistas como Picasso e André Lothe e a sofrer influência do movimento cubista em sua arte. Em 1928, ela presenteia Oswald sua mais famosa tela, o Abaporu, palavra que em tupi significa "antropófago, homem que come carne humana". A partir daí dá-se o início de sua fase antropofágica, a mais brilhante de sua fenomenal carreira, introduzindo um novo caminho nas artes plásticas do país, com eco na vanguarda de Paris, capital mais influente do mundo artístico de então.

Fase de engajamento sócio-político

Outro momento marcante de sua carreira acontece em 1931. A separação de Oswald de Andrade e a viagem que fez à União Soviética resultam na fase de seu engajamento sócio-político. É quando Tarsila corajosamente cria duas obras-primas da desigualdade e opressão sociais - "Operários" (1933) e "2ª Classe" (1933) -, em um Brasil sem consciência social alguma, dominado pelas elites do café e de uma política retrógrada.

Legado

Tarsila do Amaral faleceu em 1973, aos 86 anos. Além de deixar um legado de talento, originalidade, inovação estética, coragem e feminismo, fincou o nome do Brasil na História da Arte Moderna do século 20.

Tarsila do Amaral - Principais Obras (com data em que foram pintadas)


- Pátio com Coração de Jesus (Ilha de Wight) - 1921
- A Espanhola (Paquita) - 1922
- Chapéu Azul - 1922
- Margaridas de Mário de Andrade - 1922
- Árvore - 1922
- O Passaporte (Portait de femme) - 1922
- Retrato de Oswald de Andrade - 1922
- Retrato de Mário de Andrade - 1922
- Estudo (Nú) - 1923
- Manteau Rouge - 1923
- Rio de Janeiro - 1923
- A Negra - 1923
- Caipirinha - 1923
- Estudo (La Tasse) - 1923
- Figura em Azul (Fundo com laranjas) - 1923
- Natureza-morta com relógios - 1923
- O Modelo - 1923
- Pont Neuf - 1923
- Rio de Janeiro - 1923
- Retrato azul (Sérgio Milliet) - 1923
- Retrato de Oswald de Andrade - 1923
- Autoretrato - 1924
- São Paulo (Gazo) - 1924
- A Cuca - 1924
- São Paulo - 1924
- São Paulo (Gazo) - 1924
- A Feira I - 1924
- Morro da Favela - 1924
- Carnaval em Madureira - 1924
- Anjos - 1924
- EFCB (Estrada de Ferro Central do Brasil) - 1924
- O Pescador - 1925
- A Família - 1925
- Vendedor de Frutas - 1925
- Paisagem com Touro I - 1925
- A Gare - 1925
- O Mamoeiro - 1925
- A Feira II - 1925
- Lagoa Santa - 1925
- Palmeiras - 1925
- Romance - 1925
- Sagrado Coração de Jesus I - 1926
- Religião Brasileira I - 1927
- Manacá - 1927
- Pastoral - 1927
- A Boneca - 1928
- O Sono - 1928
- O Lago - 1928
- Calmaria I - 1928
- Distância - 1928
- O Sapo - 1928
- O Touro - 1928
- O Ovo (Urutu) - 1928
- A Lua - 1928
- Abaporu - 1928
- Cartão Postal - 1928
- Antropofagia - 1929
- Calmaria II - 1929
- Cidade (A Rua) - 1929
- Floresta - 1929
- Sol Poente - 1929
- Idílio - 1929
- Distância - 1929
- Retrato do Padre Bento - 1931
- Operários - 1933
- Segunda Classe - 1933
- Crianças (Orfanato)- 1935/1949
- Costureiras - 1936/1950
- Altar (Reza) - 1939
- O Casamento - 1940
- Procissão - 1941
- Terra - 1943
- Primavera - 1946
- Estratosfera - 1947
- Praia - 1947
- Fazenda - 1950
- Porto I - 1953
- Procissão (Painel) - 1954
- Batizado de Macunaíma - 1956
- A Metrópole - 1958
- Passagem de nível III - 1965
- Porto II - 1966
- Religião Brasileira IV - 1970