O homem em conflito
No decorrer desse período, a Igreja Católica, abalada pela Reforma protestante, pela crescente valorização da razão, pelo interesse da burguesia em aumentar cada vez mais seus lucros, pela afirmação do poder real, sente que é inevitável passar por uma reformulação.
Os principais instrumentos da chamada Contra-Reforma foram o Concílio de Trento e a fundação da Ordem da Companhia de Jesus.
Entre as medidas podemos citar:
1. restaurou a Inquisição,
2. não admitia a livre interpretação da Bíblia;
No século XVII assiste-se à afirmação da ciência experimental, preocupada em expressar racionalmente as leis do Universo.
As novas teorias filosóficas e científicas vão alterando radicalmente a vida do homem.
Galileu Galilei (1564-1642Descobriu (movimento de rotação) (movimento de translação). Condenado pela Inquisição, foi obrigado a negar publicamente suas idéias, sendo mesmo assim confinado em prisão domiciliar.
Descartes (1596-1650), famoso pelo princípio: Penso, logo existo, passou a considerar a razão como único meio para o homem atingir o pleno conhecimento.
Newton (1642-1727) prova a teoria da gravitação universal: A matéria atrai a matéria na razão direta das massas e na razão inversa do quadrado das distâncias.
Concluem que o Universo é regido por leis naturais. Abrem caminho para que os filósofos apliquem também essas leis naturais à religião, à política e à economia, indo ao encontro das aspirações da classe burguesa, que deseja crescer cada vez mais.
Em vista do contexto histórico-social apresentado, referente ao final do século XVI e século XVII, podemos observar dois aspectos distintos: de um lado o homem, em pleno desenvolvimento científico, e de outro a Igreja Católica, procurando restaurar sua força.
Para o ser humano que vivia nessa época, era quase impossível ficar passivo às interferências religiosas. Forte como sempre fora, a Igreja, com suas idéias, consegue provocar o sentimento de medo do pecado, o receio do castigo e a dúvida entre simplesmente crer ou racionalizar.
Em Literatura, esse momento de dúvida, de questionamento, de oposição entre o céu e a terra, a fé e a razão, o religioso e o profano, recebem o nome de Barroco.
Em meio a esse dilema, o escritor utiliza-se de várias figuras de estilo, que vão justamente representar o dualismo ideológico em que se encontra o homem barroco: a conciliação do espiritualismo medieval com o racionalismo renascentista.
Através do emprego de antíteses-figura que consiste na colocação de ideias opostas-, fica muito clara a contradição existencial do homem dessa época.
A presença de frases interrogativas também reforça o aspecto conflitante desse período literário.
A linguagem denotativa, objetiva, cede lugar à metáfora – uma comparação implícita, através de imagens simbólicas -, acentuando, assim, a necessidade de fazer vir à tona a sensação, a percepção.
Duas tendências, na verdade, caracterizam as produções literárias desse momento: o conceptismo, o primeiro é marcado pelo jogo de ideias, através de um raciocínio lógico; e o cultismo jogo de palavras, através de uma linguagem bastante culta
A realidade é para ser trabalhada através dos sentidos. Porém, dentro da consciência caótica do escritor desse período, sua percepção evidenciará temas como: o desejo da salvação, a fugacidade do tempo, a descrença e a corrupção.