quarta-feira, 13 de outubro de 2010

ARCADISMO

Arcadismo

O Arcadismo, Setecentismo (os anos 1700) ou Neoclassicismo é o período de caracteriza principalmente a segunda metade do século XVIII, tingindo as artes de uma nova tonalidade burguesa.

No século XVIII, as formas artísticas do Barroco já se encontram desgastadas e decadentes. O fortalecimento político da burguesia e o aparecimento dos filósofos iluministas formam um novo quadro sócio político-cultural, que necessita de outras fórmulas de expressão. Combate-se a mentalidade religiosa criada pela Contra-Reforma, nega-se a educação jesuítica praticada nas escolas, valoriza-se o estudo científico e as atividades humanas, num verdadeiro retorno à cultura renascentista. A literatura que surge para combater a arte barroca e sua mentalidade religiosa e contraditória é o Neoclassicismo, que objetiva restaurar o equilíbrio por meio da razão.

Conhecida como Arcadismo, inspirava-se na lendária região da Grécia antiga. Segundo a lenda, a Arcádia era dominada pelo deus Pari e habitada por pastores que, vivendo de modo simples e espontâneo, se divertiam cantando, fazendo disputas poéticas e celebrando o amor e o prazer.

No Brasil e em Portugal, a experiência neoclássica na literatura se deu em torno dos modelos do Arcadismo italiano, com a fundação de academias literárias, simulação pastoral, ambiente campestre, etc.
Esses ideais de vida simples e natural vêm ao encontro dos anseios de um novo público consumidor em formação, a burguesia, que historicamente lutava pelo poder e denunciava a vida luxuosa da nobreza nas cortes.

Seus temas e sua construção procuram adequar-se à nova realidade social vivida pela classe que a produzia e a consumia: a burguesia.

Características quanto ao conteúdo

fugere urbem (fuga da cidade): influenciados pelo poeta latino Horácio, os árcades defendiam o bucolismo como ideal de vida, isto é, uma vida simples e natural, junto ao campo, distante dos centros urbanos.

áurea mediocritas (vida medíocre materialmente mas rica em realizações espirituais): outro traço presente advindo da poesia horaciana é a idealização de uma vida pobre e feliz no campo, em oposição à vida luxuosa e triste na cidade.

idéias iluministas: como expressão artística da burguesia, o Arcadismo veicula também certos ideais políticos e ideológicos dessa classe, no caso, idéias do Iluminismo.

convencionalismo amoroso: na poesia árcade, as situações são artificiais; não é o próprio poeta quem fala de si e de seus reais sentimentos.

carpe diem: o desejo de aproveitar o dia e a vida enquanto é possível tema já bastante explorado pelo Barroco - é retomado pelos árcades e faz parte do convite amoroso.

Características quanto a forma:

Frases em ordem direta;

Ausência total de figuras de linguagem;

Manutenção de verso decassílabo.

Arcadismo no Brasil (1768-1836)

O rompimento com a estética cultista barroca começou no Brasil com a publicação das Obras, de Cláudio Manuel da Costa, em 1768. O movimento árcade permaneceu como tendência literária até 1836, quando se inicia o Romantismo.

Árcades mineiros
Não existiu, no Brasil, uma Arcádia, como em Portugal. Um vigoroso grupo intelectual - o "grupo mineiro" - destacou-se na arte literária e na prática política, participando ativamente da Inconfidência Mineira. Esse grupo, constituído por Cláudio Manuel da Costa, Tomás Antônio Gonzaga, Inácio José de Alvarenga Peixoto, Manuel Inácio da Silva Alvarenga e outros intelectuais, foi desfeito de forma violenta, com a prisão, desterro ou morte de alguns poetas, à época da repressão política em torno do episódio da Inconfidência.

Características do Arcadismo brasileiro
A tentativa de imitar o Arcadismo português, para dar à Colônia uma literatura tão sofisticada quanto aquela que se produzia na Metrópole, resultou na poesia refinada dos árcades mineiros.

Apego aos valores da terra
A simplicidade na poesia e a ideia de abolir as inutilidades (inutilia truncat) foram, também, objetivos dos árcades brasileiros.

Incorporação do elemento indígena
A valorização do índio
foi importante no Arcadismo brasileiro: ele reflete o ideal do "bom selvagem", tão caro aos iluministas (o pensamento de Rousseau baseado na premissa de que a natureza fez o homem feliz e bom, mas a sociedade o corrompe e o transforma.

Sátira política
A redação e a circulação de manuscritos anônimos (a obra Cartas Chilenas) de nítida sátira política aos tempos difíceis da exploração portuguesa e à corrupção dos governos coloniais.